ADULTIZAÇÃO DE CRIANÇAS – UMA REALIDADE SAUDÁVEL OU NOCIVA?
Assistindo a alguns episódios do programa “Pequenas Misses” exibido pelo Canal Discovery Home & Health, chego a conclusão de que é noviva, e muito!!! O processo de adultização infantil tem se tornado cada vez mais comum nos últimos anos, atingindo diversos países e classes sociais. Nossas crianças estão sendo influenciadas pela moda, seja por meio de roupas, calçados, músicas ou ainda pelo comportamento, quando, ainda tão jovens já demonstram nitidamente o anseio em alcançar o mais rápido possível a fase adulta.
Essa busca frenética em se tornar “adulto” rapidamente, e da apologia que a mídia faz em torno deste assunto, tem provocado intensas mudanças no comportamento de uma grande maioria de crianças, sobretudo na forma como a infância passou a ser encarada. É cada vez mais frequente vermos crianças tentando a todo custo, se inserir no mundo dos adultos, deixando de lado as fases que devem ser vividas na infância. Crianças comprando maquiagens, celulares… E os pais, maiores influenciadores desse novo comportamento infantil, muitas vezes vêem no filho uma forma de realização pessoal do qual nunca alcançaram, atribuindo ao seu filho ou filha, atividades e responsabilidades incoerentes com a sua idade e desta forma, interrompendo a fase mais importante de suas vidas, a infância e o direito de ser criança!
É fato que sempre existiu um certo fascínio das crianças pelo mundo adulto. No entanto, o que observa-se atualmente é que virar adulto tornou-se o maior objetivo de muitas delas, e isso é muito perigoso.
Onde foram parar as brincadeiras, a ingenuidade e as fantasias próprias da fase infantil e essenciais no desenvolvimento humano??? Foram literalmente e friamente colocadas em segundo plano, em detrimento de uma rotina cheia de compromissos: escola, cursos complementares, salão de beleza, academia, entre outros. E a maioria das crianças, grande parte, meninas, são envenenadas pela ostentação, busca por padrões de beleza que a sociedade exige, e pelo interesse cada vez mais cedo por sua sexualidade. Nesse cenário, vemos cada vez mais adolescentes grávidas (digo, meninas de 11 a 13 anos), além das doenças, preocupações e problemas típicos de pessoas mais velhas têm acometido as crianças, e se tornado algo corriqueiro na vida de inúmeras delas. Exemplo claro é o crescente número de crianças com sintomas de depressão e estresse.
O desenvolvimento capitalista e o consequente consumo exacerbado de bens materiais afeta direta e negativamente as diversas faixas etárias, constituindo no caso das crianças uma problemática ainda mais grave, uma vez que o seu senso crítico e a sua capacidade de discernimento ainda não estão plenamente desenvolvidos.
Ao contrário do que muitos insistem em afirmar, as crianças de hoje não são mais inteligentes ou mais desenvolvidas. Na realidade, o que as diferenciam das crianças de outras épocas é, sem dúvidas, o acesso às informações e tecnologias. Desse modo, cabe aos responsáveis por elas impor limites e ensinar a melhor forma de conviver com as mudanças que a sociedade está passando. Fornecendo condições para um desenvolvimento saudável, sem “pular” etapas. Afinal, cada fase da vida é importante e não há vantagens em acelerar um processo que acabará ocorrendo de qualquer forma.
Ser criança é ter o direito de brincar, de estudar e de viver plenamente a sua infância.
Você que é mãe e pai… já pensou neste assunto? Será que vocês não estão adultizando seu filho ou filha?
Pensem bem…
Bjs